eixo do trapezista funâmbulo
faíscas insones de filigranas
engrenagens do tempo
drenagens da alma
ossos, ensaios
desmaios

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ei, não se desvele
Deixe-me ser você

Aítho rosáceo

Inflexão da alma na tangente da impaciência , ah, quanta indolência !
Prurido de vida, caí em desuso 
Deus uso e abuso da tua má vontade 
De teu liberalismo brasileiro
Apartai-vos, apartai a voz ciferar moribundo meu dês-volto  

Matilha iníqua e indelével 
Ouvi rumores lati-los ouvi-dos
Malta  viceral, vicinal
Malha alocrônica de almas sussurrantes 
Anomia do Ser 

Retalho contos-fragmentos em coesão de palavras, hodierno e hediondo   
Desculpai-me tamanha ignorância e ranço
O amor se retrai em ofensas
Éter - 
No meu livro adormecido
Aítho rosáceoem chamas descansa virginal


domingo, 17 de outubro de 2010

Bum !

Vou passar de mim, me guardar. Serei um canto da alma no canto da calma e então um dia ao porvir ou fenecer de mim, como tua rosa eternizada em minhas páginas e sua poesia, irei dissolver em cores, e em seus olhos que já me perderam de vista.
Entre tantos que desabalam e me badalam ao som de minhas campanas, de minhas rimas ao ensejo da dança, outro, outro você e eu. Campanas sinuosas que me me degustam insípido em tua sina, que me alcançam como travas aos meus dedos em torpor fraseado, afago, acomodado. O desejo é uma utopia metamórfica, com o ser e estar. Minhas entrelinhas me sustentam em uma aventura insensata e interminada, inter minada.  

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

e as velhinhas fazem a feira

só o tempo que não começa
não termina
nunca

que prova
me acorda às 07:00
adormece em olhos abertos

arquivo papéis 
atendo um telefonema
arrasto minha fala

ouço a voz da rádio
a música da rádio
que ouvi ontem

e esse trabalho ainda me banca aquela festa legal do final de semana.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Reminiscências


Indívíduo-ventana com toldos de couraça aos olhos, interdito por supertições urbanas entremeadas em trejeitos no cavo apático âmago hodierno. Percorre obliquamente por seu latrocínio sem decreto nem pena, disperso no vácuo da igenuidade que o condena, observado e despercebido por todos.Adormece, a madeira envelhece o tempo, tingido sépia, seu aposento desmistificado e infecundo iluminado por lamparinas engambiarradas e incrustradas por tábuas empenadas. Enredado aos limites impercebidos por turbidez langorosa. Alguém o acorda num bocejo indolente, trocadilhos silenciosos, nebulosos, fabulosos, reconhecimento despretensioso e companheiro. Incompreende aproximação qualquer, seu estoicismo não acredita sequer em crianças. Levanta-se, olha para sua frente, em um passo atravessa o quarto, sentindo-se só mas observado por trás de uma barreira de madeira que se desfaz a altura de seu peito. Cego em seus próprios atos, atea fogo em sua alma, indolor e inerte. Mutilou-se, titubea entre escombros de si, o peso insustentável desapareceu-lhe entre uma alegoria sonsa, seguidora de sapatos que não calçam seus pés, nu entre o frio e calor que o camufla despretensiosamente por seu caminhar irrefutável, jaz sobre pernas fracas num ar insensível ao próprio cansaço. As palavras já não prolongam a imperscrutável estadia ou modo de estar deste que ainda mais desconhece a si. Aproxima-se aquele outro que entrou por uma brecha em seu recinto, intrépido, lascivo, põe-se ao seu lado, observa-o. Conta que ele está a fixar reminiscências na superfície amadeirada, são imagens, escritos em papel, objetos, nomes de diversas pessoas passageiras que o apearam por seu tempo, que circularam sua infância em uma sequencia infinda e incompreendida de sentimentos que o afogaram quando teve seu ombro tocado por aquela pessoa que pode ser sentida, agora, em um estirão de ar que estancou-lhe o sangue. Traçado e condenado à sofreguidão de conviver neste quarto em explosão cega de luz por memórias  fratricidas, costurou as palpebras à couriça, arrodeou em passoas fúnebres um bosque próximo, escreveu um poema, adormeceu.


Imagem de Arthur Monteiro e Isabela Lyrio, de Brasília

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Serafim

Não pare, me repare
Com a luz do parto
Em um resgate afano

Sinuoso pouso sem pose
Transcendental parodoxo
Da silenciosa primavera

Regaço no Estandarte
Da Poesia Artrópoda
E pétala das Papilionáceas 

Descalço des-causado
Mútuo, mudo, murro
Muro da comunicação

Grito lânguido e afetuoso
Palavra reversa ao cais da fraternidade
Ao caos do amor, ao credo da poesia 

(Não alcanço a poesia, palavra nem parábola
Não alcanço a mim , vago
Ninguém e mundo

Morfeu do sono ressentido
Do contra-senso
A Angústia de estar acordado 
Em realidade desolada
O erro aflora
a dor adora)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Atear-se ao Cinema Latino Americano

La Niña Santa, Lucrecia Martel


Travou-se leve contra o corpo daquela à sua frente, um médico diagnosticado pelo pecado. Transou a alma do tempo,atravessou a menina como fogo. Trincou o olhar vítreo de sua devota, devassa, impotente médico e paixão, agora não corresponde às próprias expectativas. Perdeu-se antes de entender o que sentia, já  não servia, ou escondeu-se de sua ânsia talvez vista como libertina, a quem nunca pode o ter servido. Incrédulo e servo de ninguém, iludiu-se intricado  por deixar-se ser. Traçou o estorvo das sinas lançando o mundo de si,  vulgarizado pela hipocrisia e moral do que nunca se soube o amor ou o quê. O mistério deste homem quase mau, o vermelho pujante da carne adolescente, a sede de compreensão na seca de minha fuga.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

cantado

Sinédoques, metonímias, oxímoros
Desconstruindo-me enquanto de ser não sei
Nunca passei de ter nascido e em ciclo ter partido
De ser sou ceifa sazonal, canto primaveril encanto de carnaval

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

eletrocardiograma

trincoentredentes
trancadelinquen
tetragolevesturro
trépidoabsurdo
intrépi
docasulo
inversoinverte
bradoimer
joverberado
insoneacordado
denadaeunado
depassoeuparopa
rrilhadecimento
partosempreço
quedosempressa
morrod
eva
ga
r

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Tempoesia

Oprimir-se poema
Aurora de Outrora

Claustro ancião
Negro antes da pólvora

Confrangido em sobejo de ventos alísios
Carrego terráqueo uma Bússola de Mercúrio

Brisa brasiliense
Antítese Boreal

quinta-feira, 22 de julho de 2010

fado-infindo

Aparece sonhante, a evoco
Equívoco de céu que arranha alma
Ato em teia de aranha
Afia afaga da lembrança
Vestido de sigana
Sinuosa sina ornada de menina

Criamo-nos refletidos em teu azul incandescente
Impelido desabaladamente redundo estagnado ao provir
Busco sinônimos que me aliviem o silêncio cruel de teu chamado
Retorço aos gritos de lágrimas feito rios em teus campos verdes
Faz-se noite, a observo adormecer e oscilo funâmbulo
Denudado, toque minha mão gelada, olhe meu véu perdendo-se à garoa

"No deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar...
E o inverno no Leblon é quase glacial "

terça-feira, 13 de julho de 2010

mente-rosa


Ando manco e tanto, braço torto abraço roto
Olho vejo, percebo, percevejo
Protejo-me Casular de minha mente-rosa

Escafandro funesto
Me desacredita e gorja
Debelado, esmoreço e respiro

Perco-me entre fronteiras da impessoalidade e do amar
Decanto em cada pranto o que sou aos extremos
Amo em alma dele enquanto não caibo mais em minha própria

Não respiro, não sou, não sim, não sei.

sábado, 3 de julho de 2010

vidalegoria - de porrada, enternecimento e melancolia.

Fecho os olhos à realidade-poesia, abro os olhos e vejo o sangue escorrendo pelas calçadas da cidade. Sinto-me inspirado por uma rua escura e sigo em seu caminho, abro os olhos e vejo um homem-diabo que mal sabe que existe,mas leva-me a bolsa, a música, o livro e a liberdade.
Tenho meu quarto, tintas, pincéis e uma parede só minha, a preencho com Van Gogh e cor de rosa, tenho tv e internet. Não tenho o mundo em um clique, mas os olhos afogados em lágrimas de uma angústia que faz-me exilar da pátria, essas paredes-cavernas, minha vida uma alegoria.
Iludo-me ou esqueço-me por alguns instantes de entorpecimento, catarse. Cores, Versos, Epifanias ! Oh, um menino de 14 anos morreu assassinado por skinheads semana passada,julgaram-no homossexual, difícil de entender, impossível, não? ódio aos assassinos, né? e aos senadores que reprovam o projeto de lei que pune crimes deste gênero. E o menino, saberia ao menos o que é sexualidade ? acho que nem teve tempo de descobrir, e o que seus olhos não verão foi parte de uma liberdade que perdi quando descobri o mundo, e acredite, não foi pela internet ou pela tv, foi pelo olhar inocente desta e outras crianças, de pobres diabos que me assaltaram, pela fome de seres que mais se aproximam do que julgo humano.
E eu, extendo-me em toda a linha ser-humano, faz-me triste, enfraquecido, enquanto cada um diz-se indivíduo.

À frílaba de coração cor-de-rosa

"Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, não quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio..."
Deste mesmo Mário Quintana que diz:
"Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!"

Pois somos trapezistas dançarinos contadores de história, e então? então dispersamos ou articulamos palavras que se des-entendem, como des-poeta temeroso a definir-se ou a deus, ao alcance da estrela e de sua metamorfose. Filósofos das marteladas - De uma moral para surdos-mudos e outros filósofos, "vulgarizo-me com a linguagem", regozijo-me simultâneo! Ser uma linha despercebida, entre dedos intrépidos e trêmulos. Desmanchar-se ao além do pensamento e além papel fazer silêncio. Voa gafanhoto, salta borboleta, mora em minhas asas.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

sangria palavriada, lavrada

Transo a escrita e danço Monet
Embriagado fulgor de vida

Lume-Fusco
penso em passo
Trago, leve, vinho
esturro e hemorragia

penso-poema-idéia ; nadeio

segunda-feira, 7 de junho de 2010

que frio, que frívolo, que frílaba.

a vida passa em nuvem e ponteiro, meus sapatos gastam e os sigo, meu tempo para e prossigo, parado, não tenho, não temo, não sou, não sim.

é só o som a estibordo velejante, palavra cantante, certeira em erro de tambor de peito que nem bate em porta de alma. órgão, grão, coração.

o silêncio que não silencia, milésima segunda feira de milésimos impulsos de milésimas vezes, circular.

estar estando estante estande estudante estória estorvo estóico esterco estrela estréia este aquele e aquilo.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Felicidade me é dês-existir, me vem furtiva e casual, não é causa nem reação, é solta, independente de mim, desprendida, despida;

Alegrei-me quando dancei ao lado da lua
lágrimas escorriam estelares por meus olhos cadentes
como vagalumes tecendo-se em pontinhos luminosos
eu só admirava da janela este ainda inacreditável satélite

Já criança apertava os olhos debaixo dos lençóis
a escuridão enlaçava-me ao espaço-inconsciente infantil
eu era puro vento, nunca tive um ventre
era e só tinha meu puro céu de nada-ser

A morte não existe, é invenção de gente tola, e tenho dito.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

não posso viver poesia
ela enfada o meu amor
não se contém
nem mais o alcança

vale menos que uma rosa de semáforo.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

silêncio abismo de mim
abismo silêncio de céu
nem um pensamento dis
farçando um grunhido

segunda-feira, 26 de abril de 2010

oculta-se calado
fazendo-me surdo
sem saber
o que te priva o
sabor do amor
-
ou o abismo-refúgio da solidão clareou
e o abismo do amor
mirabolou um poema atrás de problema

quinta-feira, 25 de março de 2010

lúdica subsistência em vida
pastoreio ovelhas e castores
orelhas e cantores
alcanço o mais remoto eu sem partida
sou molécula, são, santo oco, som, cinema
sem malícia, sou e outro, des-vendo emblema

sonhando por seis anos
enganando o tempo restante
passo dos oitenta infantos
por olhos fosca captura inebriante
sentidos de soslaio poesia-manca e manto
perpendiculando em tato, olfato e outros tantos

terça-feira, 23 de março de 2010

contesto-me em único que seria à indiferença desse estorvo
sentindo-nos ao tempo negarei um trecho de vida
ao que sou e foi em tormento não o vejo ou ouço
a esquecer ao que lhe divide em passado à partida

são teus, extende-se e me calo cego
soluço, silêncio, tempo e movimento
ventana e neblina confundido-me de perto
e acreditando que levou-lhe o tempo

para o alto do céu
que sou vento

segunda-feira, 22 de março de 2010


Modus Ponens

nada tem que - quando nada é -
ter, ser, parecer

afasia

a poder ser, padecer ,
apodrecer

em vida

sexta-feira, 5 de março de 2010

De rios que há tempo molharam pernas que já não caminham em mim,
I - mesmo
Angústia do meu silêncio
se revela na penumbra de minha insônia
a ansiedade em minha fome
num pesadelo acordado na escuridão da vida

Meu estar trevoroso
clarão patético de idéias
melindrosos e tontos são os dias
lânguido fado e lamento

Ao que já foi percebe-mo enganado
rebusco-me ao ódio pela vida de outrora
coloco-me esquivo ao medir o tempo
ludibriado por uma lágrima que evapora

II - outro
Ao ensejo inconsciente
crio vislumbre de vida e vejo
e por medo de descobrir a ilusão desse anseio
vôo baixo para longe de mim

e aqui agora já não são só meus esses olhos
o grafite se gasta em papel de nós
escrevo intrépido ao teu contorno
queimo a retina e grito sufocado

"Ah, rancor mortal!"
A que escute e me tenha levando pra longe de mim e perto do amor...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ordem de despejo - a que se resolva e perceba a inutilidade de alguns pensamentos

Gimnospinha, entre o ovo e a galinha
Discutindo entre junkies filosóficos em um sofá vermelho e uma mesa de centro e vodka, a pinha se mostrava de fruto a flor, e nenhum consenso amigável. A pinha é uma angiosperma, não, a pinha vem de uma gimnosperma e não pode ser um fruto, a pinha veio antes da angiosperma, a pinha veio antes da galinha! CORTA. Segue a imagem em feixe de luz de uma pinha-galinha sob a superfície da mesa de centro, a pinha-galinha livre de vodka. E estava ali o predecessor da galinha e do ovo, e Platão em nossa companhia, orientando-nos ao sentido da realidade do que refletíamos. No mundo das idéias toma-se forma e valor de evolução e galinha nossa querida pinha, e assim a tínhamos em sua realidade-resposta plena em nossa extensão de percepções e compreensões em subjetividade de vida.

Idéia pra um conto:
Tentando recuperar-se do trauma seguido de uma noite de trejeitos e desenganos, a frustração de um camarada o levou a conclusão de que precisava de uma namorada rica. E me perguntava o que fazer, em tom levemente diplomático e irônico, lhe disse: _ Você precisa investir em si, já que não pode simplesmente acasalar atraindo a fêmea em uma dança tribal, ainda agora que abdica o uso do álcool. Deve analisar o que precisaria para conquistar a garota desejada, o que dependeria do estilo desta, compreende meu caro?
_ então, tem alguma aí pra me ajudar?

Outra idéia, talvez : Um par irresoluto por uma garota apaixonada e um garoto acanhado.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

7 de novembro de 2009, a que não se diluíssem em meu esquecimento, passei a escrever sobre filmes, e começou assim, por Dançando no Escuro, de Lars von Trier :




Apesar de tê-lo visto com uma amiga, dividindo minha poltrona, compenetrei em ritmo e simplicidade de suas canções melancólicas, em notas intensas e distraídas de Bjork. A visão, tela, estória, música, mente, um redemoinho de emoções disfarçadas por trás da raiva e dor, a razão, a mágica e realidade, como nas lindas canções que deslizam sobre a fábrica metalúrgica em trabalhos cansados ou por trilhos de trem a caminho crepuscular de casa, a visão turva e as cenas atordoadas de uma câmera trêmula.
À culpa de ter dado a luz, consciente de uma cegueira hereditária, Selma, interpretada por Bjork, recebe o filho ao fardo de uma vida beirando a pobreza , poupando suas economias para uma cirurgia que salvaria a visão da criança. A vida de Selma gira em torno do filho e da arte, a música e dança que a transcende por um universo mágico de cores e sons, o que a principio era o que a atrapalhava no trabalho, mas logo a perda da visão foi inevitável ao desemprego. Os salários de anos de trabalho já cobriam os custos da cirurgia, mas havia desaparecido a lata de dinheiro escondida atrás da tábua de passar roupa, e Selma bem sabia quem havia pegado. Para recuperá-lo, direciona-se a casa vizinha, amigos a quem gosta, mas de repente percebe-se em uma armadilha, em uma trama de traição e assassinato. O amigo que estava em crise financeira e iminente crise no casamento a roubou para não ser deixado por sua mulher, que não o aceitaria pobre. Torna-se irritante seus jogos emocionais em cima de uma mulher tão frágil, mas logo se revela um homem tão realmente vulnerável e apavorado, fraco, pedindo pela morte, que se confundem os pensamentos, não há culpados, e torna-se compreensível a percepção de Selma e forma com que lida a apunhalada recebida. Julgada e condenada à morte, Selma insiste em esconder a verdadeira história do assassinato, que tange o assunto da doença do filho, que se informada a ele poderia deixá-lo nervoso e atrapalhar no processo de cura. E mantendo o segredo prometido ao amigo, a qual matou em desespero e pedido por ele, que não queria revelar sua falência. Ser condenada a morte por guardar o segredo de um homem que a roubou e que estava morto pode ser intolerável ao público, mas, além disso, havia a necessidade de silenciar a doença do filho, pra não lhe atrapalhar. A vida de Selma estava garantida, era a visão de seu filho, o resto ela não fazia questão, a naturalidade e mágica de sua melodia e ser cinema era seu modo de existir, não uma profissão. Selma é enforcada em uma tração surda, enquanto canta chorosa. Diz que assistia até a penúltima música dos musicais quando criança, pra que eternizassem, e assim acaba esse lindo e triste filme de Lars Von Trier, uma penúltima canção interrompida pela morte que deu a vida dentro de mim de um ser musica, dança e cinema, uma tristeza de textura macia que acoberta ao frio que não passa, as lágrimas que não secam.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Um pretexto para escrever sobre o filme Paris Eu Te Amo
O amor em todas suas facetas

Em romance de vampiros e mímicos de eterna felicidade por personagens de criança, o que seria o par ideal em perfeição de amor infindo mostra-se enganoso à realidade, se privativo, incabível a este sentimento. Mas deixa perceber a essência do amor em nossa alma, para então espelhar em pessoas, lugares, todo nosso viver. Logo, assim mostra-se cíclico em relação às pessoas, que vêm e vão na linearidade do amor, antipatizo a essa idéia, se imperito, inexperiente, não ligo, só me entrego furta-cor, até que Marte nos separe.

Mas é bem verdade que pessoas que amam a alguém tornam-se mais afáveis com todo o resto, todas outras...


All I know is,
We're all in the dance

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

faço-me-dês-faço

Ao que rompia em impotência, desfaço-me aqui;
Por sentir que me iludo a qualquer suposta aproximação do mundo, quando estaria me distanciando ainda mais da realidade, o meu todo-nada universo, sem espetáculo, silencio, de silenciar. Venho em letra e palco circular, contorno e margem de mim.

Palavras suportam e transpassam a penumbra, simplificada.



You and i will meet one day
Under the night sky lit by soft black stars...