eixo do trapezista funâmbulo
faíscas insones de filigranas
engrenagens do tempo
drenagens da alma
ossos, ensaios
desmaios

domingo, 17 de outubro de 2010

Bum !

Vou passar de mim, me guardar. Serei um canto da alma no canto da calma e então um dia ao porvir ou fenecer de mim, como tua rosa eternizada em minhas páginas e sua poesia, irei dissolver em cores, e em seus olhos que já me perderam de vista.
Entre tantos que desabalam e me badalam ao som de minhas campanas, de minhas rimas ao ensejo da dança, outro, outro você e eu. Campanas sinuosas que me me degustam insípido em tua sina, que me alcançam como travas aos meus dedos em torpor fraseado, afago, acomodado. O desejo é uma utopia metamórfica, com o ser e estar. Minhas entrelinhas me sustentam em uma aventura insensata e interminada, inter minada.  

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

e as velhinhas fazem a feira

só o tempo que não começa
não termina
nunca

que prova
me acorda às 07:00
adormece em olhos abertos

arquivo papéis 
atendo um telefonema
arrasto minha fala

ouço a voz da rádio
a música da rádio
que ouvi ontem

e esse trabalho ainda me banca aquela festa legal do final de semana.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Reminiscências


Indívíduo-ventana com toldos de couraça aos olhos, interdito por supertições urbanas entremeadas em trejeitos no cavo apático âmago hodierno. Percorre obliquamente por seu latrocínio sem decreto nem pena, disperso no vácuo da igenuidade que o condena, observado e despercebido por todos.Adormece, a madeira envelhece o tempo, tingido sépia, seu aposento desmistificado e infecundo iluminado por lamparinas engambiarradas e incrustradas por tábuas empenadas. Enredado aos limites impercebidos por turbidez langorosa. Alguém o acorda num bocejo indolente, trocadilhos silenciosos, nebulosos, fabulosos, reconhecimento despretensioso e companheiro. Incompreende aproximação qualquer, seu estoicismo não acredita sequer em crianças. Levanta-se, olha para sua frente, em um passo atravessa o quarto, sentindo-se só mas observado por trás de uma barreira de madeira que se desfaz a altura de seu peito. Cego em seus próprios atos, atea fogo em sua alma, indolor e inerte. Mutilou-se, titubea entre escombros de si, o peso insustentável desapareceu-lhe entre uma alegoria sonsa, seguidora de sapatos que não calçam seus pés, nu entre o frio e calor que o camufla despretensiosamente por seu caminhar irrefutável, jaz sobre pernas fracas num ar insensível ao próprio cansaço. As palavras já não prolongam a imperscrutável estadia ou modo de estar deste que ainda mais desconhece a si. Aproxima-se aquele outro que entrou por uma brecha em seu recinto, intrépido, lascivo, põe-se ao seu lado, observa-o. Conta que ele está a fixar reminiscências na superfície amadeirada, são imagens, escritos em papel, objetos, nomes de diversas pessoas passageiras que o apearam por seu tempo, que circularam sua infância em uma sequencia infinda e incompreendida de sentimentos que o afogaram quando teve seu ombro tocado por aquela pessoa que pode ser sentida, agora, em um estirão de ar que estancou-lhe o sangue. Traçado e condenado à sofreguidão de conviver neste quarto em explosão cega de luz por memórias  fratricidas, costurou as palpebras à couriça, arrodeou em passoas fúnebres um bosque próximo, escreveu um poema, adormeceu.


Imagem de Arthur Monteiro e Isabela Lyrio, de Brasília

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Serafim

Não pare, me repare
Com a luz do parto
Em um resgate afano

Sinuoso pouso sem pose
Transcendental parodoxo
Da silenciosa primavera

Regaço no Estandarte
Da Poesia Artrópoda
E pétala das Papilionáceas 

Descalço des-causado
Mútuo, mudo, murro
Muro da comunicação

Grito lânguido e afetuoso
Palavra reversa ao cais da fraternidade
Ao caos do amor, ao credo da poesia 

(Não alcanço a poesia, palavra nem parábola
Não alcanço a mim , vago
Ninguém e mundo

Morfeu do sono ressentido
Do contra-senso
A Angústia de estar acordado 
Em realidade desolada
O erro aflora
a dor adora)