eixo do trapezista funâmbulo
faíscas insones de filigranas
engrenagens do tempo
drenagens da alma
ossos, ensaios
desmaios

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Clausura

De onde tanto frio irrompe a alma, traga a calma, em um vapor gélido? Atravessa a garganta, bloqueia o pranto, soluça o encanto. Decanta Chico Buarque e minha alma em profusão de tons. Desmembra-me a Miltons, ensejos, arquejos. Ainda há verão em Brasília ou qualquer coração ? E rimar amor e dor, pra quem não consegue abrigo sequer na filosofia, pode ?

A alma esbraseia o amor, inventando-o além de quem se vê. Depois evapora por tanto calor e esvoaça, morre de frio.

O QUERERES - Caetano Veloso e Chico Buarque




"Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e é de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Ah, bruta flor do querer
Ah, bruta flor, bruta flor... 
...


O quereres e o estares sempre a fim
Do que em ti é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente impessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim"

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Último final de semana, sobrou fígado pra minha grana. Próximo, sobrará ganância pra nossa infâmia, usura pra minha façanha.

terça-feira, 26 de abril de 2011

domingo, 24 de abril de 2011

1 x 1




"Viver ou morrer é o de menos
A vida inteira pode ser qualquer momento "

Entre estes extremos, titubeio entre o nada e o resto do mundo, um Meursault que vive uma prosopopéia kafkiana, realidade-(in)animada mimetizada com total desgosto a um final imensurável tão perto tão longe de morte.
Temo sair de casa, ficar, o tempo a passar, temo sem me importar, eu não sou, não estou, não vou, não. Temo ficar com você, tremo te perder. Me cubro com minhas cobertas e palavras-vãs até deixar de existir por um outro eu. 
Não tenho o amor, o sou, o sôo.
Não me tenho, mas me dôo.
Ser amor, serafim, ultrapássaro.
Pois que o infinito não coube jamais senão entrelinhas e estrelas, pontos minúsculos que hão de pontuar também meus dias díspares, me disparar em alegrias !  Não quero temer a solidão, passará no vôo de um passarinho ou num verso de Mário Quintana.
Entorpeço - realidade em arte
Estremeço - efemeridade e destroços
Empalideço - amor quedado num trago
Desobedeço - criação de mim pra longe de nós

Pesah

A casa arqueja, trêmula, em suas paredes. Atravesso a porta, ao avesso,  transpiro como uma pedra. Controverso, como são também os poros dos muros. Arredio, respira o cão sob os meus pés, oscila, a cada três segundos seu diafragma estremece e comprime. Entorpeço, mergulho à noite anterior em água gelada, faço três chegadas a cada respiração, hipotermia, paralisia espaço-temporal. Compressão de estômagos, nervos e sonhos. Nossos olhos ardem. Inquietante arquétipo, um cão apavorado com os fogos de artifício de um domingo de páscoa, maldita seja vossa santidade. Estamos abrigados, seguros em nossa insensatez, alvorecer prematuro, criatividade descoroçoada.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

rascunho mal feito

Gigante,roda                Alentos, lentos                  
rodopia, cria                 Corredores, corre 
Incessante, grita           de
em meu ouvido             si  
assovia, vida                 para não 
Via da paixão               se
des ilusão                    perder

Passos, pastos            abraça o céu
de amor nascem           a brasa e 
rebrotam flores             respinga
Torpores                      respira
topos de nós                pia
em seus                      e vá
Rebocadores               pora




terça-feira, 5 de abril de 2011

"Daydreamer"

Teço por teus fios, permeio entre os flavos e os que do vestido enlaçam as pernas correndo sob o chão, brotam  flores, rompem paredes, atingem multicores aos céus e ao sol. Correm em matiz azul, verde e vermelho; recorda passos de outrora em constelação de aurora. Esfria minhas mãos em consternação de agora, me deita por todo um dia, infantil, interpretando as cores do arco íris sobre o lugar que esteve, que estive, tão perto, mas não avistei, nada. Por onde me perdi, junto com todas as respostas, com o vôo de todos os pássaros, "em nosso silêncio", em tuas asas, vou.

à frílaba - em nosso coração amarelo

Escalafobética
bélica 
Escatológica 
ilógica 
Semitons 
Miltons 
Dodecafônico 
entre-linear 
lunar 
Aliterações 
Astrológicas 
Calidoscópias