eixo do trapezista funâmbulo
faíscas insones de filigranas
engrenagens do tempo
drenagens da alma
ossos, ensaios
desmaios

terça-feira, 29 de maio de 2012

Trago o sono, intrépido, entre lençóis, , travesseiros babados, o cobertor no chão, em sonho covarde, fluido junto a cortina fechada. Sem sol neste rol de tolices , em transe sonar, com a porta aberta,  olhos fechados, peito aberto, pulmões, enrolado como tabaco queimo entre os panos.

Liturgia do tédio

Suportar-se ao acordar, nascer e morrer de todos os dias. Insuportável enfado, ofuscar toda sua elucubração insone do âmago ente amargo imaterial dissolvendo nas pontas dos dedos ressecados. Festejar sua apatia forçando-se para além de si com todos aqueles sorrisos, líbidos, pretos, pratas, entristecer-se. Beijos de crânios, corpos de músculos e vísceras, terras e vermes que bailam com a ópera dos planetas.  

segunda-feira, 28 de maio de 2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

teço teso texto, atesto em segredo, contesto e não meço meu contexto.

E sobre tudo quanto parece, sobra, medo,
Sobrepuja ao baque lancinante, pluma e
Adormeço e não meço, incrédulo, imerso
Vigio este caos insone em sonho, acordo
Não difiro, Delfos ou psicoterapia
Mas definho, de fininho, sobre lânguido
Fio que percorro em vida sobre o abismo

terça-feira, 8 de maio de 2012

Amargo (em doce companhia)

Talvez para saber beber café precise entender qual a razão deste ato. Sei que pouco gosto de adoçado, mas não me entendo com cigarros. Observo o casal da mesa ao lado, conversam e sorriem. Abro o livro comprado há pouco, me foge à distração dos murmúrios. Passa um conhecido sem me ver, penso em acenar, levanto a mão, incerto, desisto, seria mais uma conversa impertinente alimentada por minha solidão pedante. Acho que tomo o café rápido demais, se ao menos acompanhasse um capítulo da leitura. O garçom se aproxima para retirar a xícara, peço que a deixe comigo por mais um tempo.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Fartura e Carência

Que minha apatia não difame Clarice. 

Chegando tarde da noite, deixa as sacolas da loja sobre a mesa da cozinha, o cômodo de entrada do apartamento, e vai para o chuveiro. Pedro aparece no banheiro, começa a urinar e pergunta o motivo da demora em resposta ao cumprimento cansado de Marcos: _Estava comprando um casaco, o frio se aproxima, e uns óculos que encontrei na promoção, nada demais, só para me fazerem mais felizes (Ri). _ Quanto custou? . _Cento e vinte. _ Quanto custou cada item? . _ Meio a meio. _ Cadê?. _ Na mesa da cozinha. _ Já volto. 
Enquanto Pedro se veste, no quarto, Marcos volta dizendo: _ É isso? Casaco amarelo e óculos... _ Tartaruga. _Tartaruga? Porra ein. _ Tudo bem, não precisa continuar, até quando vai continuar me criticando por bobagem? _ Está louco? Só não temos os mesmos gostos, normal, ué. _ E é por isso que não te mostro as roupas que compro, ou as músicas que descubro, Pedro. _ Se for me chamar de Pedro melhor não chamar de porra nenhuma. Que personalidade que não se incomoda com qualquer bosta que aparece?. _ É suficiente por hoje, agora não tenho personalidade, sou brega e ouço música ruim, adoro ser admirado pelo meu namorado, vá dormir com seus pensamentos. _ Em momento algum falei que você não tem personalidade, se achasse isso não estaria com você, não coloque palavras em minha boca. _ Então também sou burro ao ponto de não entender declarações óbvias. _ Eu falei que você cria briga por qualquer coisa, só isso. _ E eu estou falando que preciso pagar contas na internet e fazer um trabalho da faculdade, porque a gente precisa encher a cabeça dessas coisas para não sofrer com nossas insanidades. _Então, namore com o vento, cara!. _ Quando eu me tornar vento, talvez, mas por enquanto, infelizmente, continuo gente, brigo, transo e pago contas.
Pedro liga o som, uma música romântica que remete ao início do namoro. Marcos se incomoda, prefere brigas que lágrimas de resignação. Adormece enquanto o namorado meche no computador.