eixo do trapezista funâmbulo
faíscas insones de filigranas
engrenagens do tempo
drenagens da alma
ossos, ensaios
desmaios

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Tempoesia

Oprimir-se poema
Aurora de Outrora

Claustro ancião
Negro antes da pólvora

Confrangido em sobejo de ventos alísios
Carrego terráqueo uma Bússola de Mercúrio

Brisa brasiliense
Antítese Boreal

quinta-feira, 22 de julho de 2010

fado-infindo

Aparece sonhante, a evoco
Equívoco de céu que arranha alma
Ato em teia de aranha
Afia afaga da lembrança
Vestido de sigana
Sinuosa sina ornada de menina

Criamo-nos refletidos em teu azul incandescente
Impelido desabaladamente redundo estagnado ao provir
Busco sinônimos que me aliviem o silêncio cruel de teu chamado
Retorço aos gritos de lágrimas feito rios em teus campos verdes
Faz-se noite, a observo adormecer e oscilo funâmbulo
Denudado, toque minha mão gelada, olhe meu véu perdendo-se à garoa

"No deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar...
E o inverno no Leblon é quase glacial "

terça-feira, 13 de julho de 2010

mente-rosa


Ando manco e tanto, braço torto abraço roto
Olho vejo, percebo, percevejo
Protejo-me Casular de minha mente-rosa

Escafandro funesto
Me desacredita e gorja
Debelado, esmoreço e respiro

Perco-me entre fronteiras da impessoalidade e do amar
Decanto em cada pranto o que sou aos extremos
Amo em alma dele enquanto não caibo mais em minha própria

Não respiro, não sou, não sim, não sei.

sábado, 3 de julho de 2010

vidalegoria - de porrada, enternecimento e melancolia.

Fecho os olhos à realidade-poesia, abro os olhos e vejo o sangue escorrendo pelas calçadas da cidade. Sinto-me inspirado por uma rua escura e sigo em seu caminho, abro os olhos e vejo um homem-diabo que mal sabe que existe,mas leva-me a bolsa, a música, o livro e a liberdade.
Tenho meu quarto, tintas, pincéis e uma parede só minha, a preencho com Van Gogh e cor de rosa, tenho tv e internet. Não tenho o mundo em um clique, mas os olhos afogados em lágrimas de uma angústia que faz-me exilar da pátria, essas paredes-cavernas, minha vida uma alegoria.
Iludo-me ou esqueço-me por alguns instantes de entorpecimento, catarse. Cores, Versos, Epifanias ! Oh, um menino de 14 anos morreu assassinado por skinheads semana passada,julgaram-no homossexual, difícil de entender, impossível, não? ódio aos assassinos, né? e aos senadores que reprovam o projeto de lei que pune crimes deste gênero. E o menino, saberia ao menos o que é sexualidade ? acho que nem teve tempo de descobrir, e o que seus olhos não verão foi parte de uma liberdade que perdi quando descobri o mundo, e acredite, não foi pela internet ou pela tv, foi pelo olhar inocente desta e outras crianças, de pobres diabos que me assaltaram, pela fome de seres que mais se aproximam do que julgo humano.
E eu, extendo-me em toda a linha ser-humano, faz-me triste, enfraquecido, enquanto cada um diz-se indivíduo.

À frílaba de coração cor-de-rosa

"Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, não quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio..."
Deste mesmo Mário Quintana que diz:
"Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!"

Pois somos trapezistas dançarinos contadores de história, e então? então dispersamos ou articulamos palavras que se des-entendem, como des-poeta temeroso a definir-se ou a deus, ao alcance da estrela e de sua metamorfose. Filósofos das marteladas - De uma moral para surdos-mudos e outros filósofos, "vulgarizo-me com a linguagem", regozijo-me simultâneo! Ser uma linha despercebida, entre dedos intrépidos e trêmulos. Desmanchar-se ao além do pensamento e além papel fazer silêncio. Voa gafanhoto, salta borboleta, mora em minhas asas.