eixo do trapezista funâmbulo
faíscas insones de filigranas
engrenagens do tempo
drenagens da alma
ossos, ensaios
desmaios

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ordem de despejo - a que se resolva e perceba a inutilidade de alguns pensamentos

Gimnospinha, entre o ovo e a galinha
Discutindo entre junkies filosóficos em um sofá vermelho e uma mesa de centro e vodka, a pinha se mostrava de fruto a flor, e nenhum consenso amigável. A pinha é uma angiosperma, não, a pinha vem de uma gimnosperma e não pode ser um fruto, a pinha veio antes da angiosperma, a pinha veio antes da galinha! CORTA. Segue a imagem em feixe de luz de uma pinha-galinha sob a superfície da mesa de centro, a pinha-galinha livre de vodka. E estava ali o predecessor da galinha e do ovo, e Platão em nossa companhia, orientando-nos ao sentido da realidade do que refletíamos. No mundo das idéias toma-se forma e valor de evolução e galinha nossa querida pinha, e assim a tínhamos em sua realidade-resposta plena em nossa extensão de percepções e compreensões em subjetividade de vida.

Idéia pra um conto:
Tentando recuperar-se do trauma seguido de uma noite de trejeitos e desenganos, a frustração de um camarada o levou a conclusão de que precisava de uma namorada rica. E me perguntava o que fazer, em tom levemente diplomático e irônico, lhe disse: _ Você precisa investir em si, já que não pode simplesmente acasalar atraindo a fêmea em uma dança tribal, ainda agora que abdica o uso do álcool. Deve analisar o que precisaria para conquistar a garota desejada, o que dependeria do estilo desta, compreende meu caro?
_ então, tem alguma aí pra me ajudar?

Outra idéia, talvez : Um par irresoluto por uma garota apaixonada e um garoto acanhado.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

7 de novembro de 2009, a que não se diluíssem em meu esquecimento, passei a escrever sobre filmes, e começou assim, por Dançando no Escuro, de Lars von Trier :




Apesar de tê-lo visto com uma amiga, dividindo minha poltrona, compenetrei em ritmo e simplicidade de suas canções melancólicas, em notas intensas e distraídas de Bjork. A visão, tela, estória, música, mente, um redemoinho de emoções disfarçadas por trás da raiva e dor, a razão, a mágica e realidade, como nas lindas canções que deslizam sobre a fábrica metalúrgica em trabalhos cansados ou por trilhos de trem a caminho crepuscular de casa, a visão turva e as cenas atordoadas de uma câmera trêmula.
À culpa de ter dado a luz, consciente de uma cegueira hereditária, Selma, interpretada por Bjork, recebe o filho ao fardo de uma vida beirando a pobreza , poupando suas economias para uma cirurgia que salvaria a visão da criança. A vida de Selma gira em torno do filho e da arte, a música e dança que a transcende por um universo mágico de cores e sons, o que a principio era o que a atrapalhava no trabalho, mas logo a perda da visão foi inevitável ao desemprego. Os salários de anos de trabalho já cobriam os custos da cirurgia, mas havia desaparecido a lata de dinheiro escondida atrás da tábua de passar roupa, e Selma bem sabia quem havia pegado. Para recuperá-lo, direciona-se a casa vizinha, amigos a quem gosta, mas de repente percebe-se em uma armadilha, em uma trama de traição e assassinato. O amigo que estava em crise financeira e iminente crise no casamento a roubou para não ser deixado por sua mulher, que não o aceitaria pobre. Torna-se irritante seus jogos emocionais em cima de uma mulher tão frágil, mas logo se revela um homem tão realmente vulnerável e apavorado, fraco, pedindo pela morte, que se confundem os pensamentos, não há culpados, e torna-se compreensível a percepção de Selma e forma com que lida a apunhalada recebida. Julgada e condenada à morte, Selma insiste em esconder a verdadeira história do assassinato, que tange o assunto da doença do filho, que se informada a ele poderia deixá-lo nervoso e atrapalhar no processo de cura. E mantendo o segredo prometido ao amigo, a qual matou em desespero e pedido por ele, que não queria revelar sua falência. Ser condenada a morte por guardar o segredo de um homem que a roubou e que estava morto pode ser intolerável ao público, mas, além disso, havia a necessidade de silenciar a doença do filho, pra não lhe atrapalhar. A vida de Selma estava garantida, era a visão de seu filho, o resto ela não fazia questão, a naturalidade e mágica de sua melodia e ser cinema era seu modo de existir, não uma profissão. Selma é enforcada em uma tração surda, enquanto canta chorosa. Diz que assistia até a penúltima música dos musicais quando criança, pra que eternizassem, e assim acaba esse lindo e triste filme de Lars Von Trier, uma penúltima canção interrompida pela morte que deu a vida dentro de mim de um ser musica, dança e cinema, uma tristeza de textura macia que acoberta ao frio que não passa, as lágrimas que não secam.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Um pretexto para escrever sobre o filme Paris Eu Te Amo
O amor em todas suas facetas

Em romance de vampiros e mímicos de eterna felicidade por personagens de criança, o que seria o par ideal em perfeição de amor infindo mostra-se enganoso à realidade, se privativo, incabível a este sentimento. Mas deixa perceber a essência do amor em nossa alma, para então espelhar em pessoas, lugares, todo nosso viver. Logo, assim mostra-se cíclico em relação às pessoas, que vêm e vão na linearidade do amor, antipatizo a essa idéia, se imperito, inexperiente, não ligo, só me entrego furta-cor, até que Marte nos separe.

Mas é bem verdade que pessoas que amam a alguém tornam-se mais afáveis com todo o resto, todas outras...


All I know is,
We're all in the dance

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

faço-me-dês-faço

Ao que rompia em impotência, desfaço-me aqui;
Por sentir que me iludo a qualquer suposta aproximação do mundo, quando estaria me distanciando ainda mais da realidade, o meu todo-nada universo, sem espetáculo, silencio, de silenciar. Venho em letra e palco circular, contorno e margem de mim.

Palavras suportam e transpassam a penumbra, simplificada.



You and i will meet one day
Under the night sky lit by soft black stars...