eixo do trapezista funâmbulo
faíscas insones de filigranas
engrenagens do tempo
drenagens da alma
ossos, ensaios
desmaios

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Monólogo literário existencial

Já fiz tanta coisa e tanto tenho a fazer, pra quê? Não tenho saudades de tempos juvenis, remoo remorsos, lamúrias ecoam de minha alma. Incertezas povoam meus passos sinuosos que não deixam rastro. E agora, pra onde? Jogo dados, assombro, passeio, cinema, estudo, nada, nada, não vai mais.
Para estar ao meu lado precisa ignorar o que sou em todas as minhas facetas, se aproveitar vorazmente de minhas rupturas e decadentismo, me dissecar como a uma rã.

Todo o Pensamento produz um Lance de Dados
                                                         /Mallarmé

Fui um dos jovens que pegou a essência inversa do Lobo da Estepe, bem sei disso assim como compreendo a redenção proposta por Hermann Hesse, contudo, as mil almas dele são diferentes das minhas outras mil. Ainda assim o amo em ao menos quatrocentos de mim.

Mesmo Atirado em Circunstâncias Eternas
Do fundo dum Naufrágio
                                [...]              

                     

Sono profundo

O cansaço me recobre como um véu da morte, tênue e incisivo sobre os poros da pele, gruda vertiginoso e me cega. Personalidades ao ensejo da partida. Sim, são tantas que não posso contar, sou todas elas, eles, que voam, invejam e se rasgam todo. Lobo, veado, peixe, cachorro de rua. Centenas, milhares de almas afogadas em meu porão. Vozes vorazes, furiosas, saiam de mim, saia de mim, saio de mim, não tenho mais força.

Conhecer-se, recordar os segundos de bruma inocente, ou fumaça que emana toda minha intranquilidade.