Do surdo da garganta a fala implora
O fundo falso da alma dissimula
A língua da terra chora
existo-dês-existo
eixo do trapezista funâmbulo
faíscas insones de filigranas engrenagens do tempo
drenagens da alma
ossos, ensaios
desmaios
terça-feira, 29 de julho de 2014
quarta-feira, 23 de abril de 2014
Vazios brutos
Por uma noite ofereceu regozijo pleno
Entregue como chuva a terra seca
O estupor do corpo irrompe o ser
Desejo incontrolado leva o sono
Já manhã, café com leite, ovos mexidos
Realidade deslocada, aperto de mão
De bicicleta, fico para trás, a pairar
Em casa, os lençóis frios, angústia
Trago as memórias como a visualizar um Buda
Busco converter o vazio em ensinamento
O ensinamento me converte em vazio
Tudo é e não é ao mesmo tempo
Subterfúgios se desvaem com o sol
Vou me despindo, lavando, reconhecendo caminhos
Indivíduo e unidade, o todo mistério da vida
Brutalidade e fraqueza caminham em mesmo passo
É preciso ser duro, se sacrificar para solidificar
Depois de virar rocha, quem sabe, intemperizo
Por enquanto, me redimo a ouvir os sábios e os perversos
quarta-feira, 9 de abril de 2014
findo II
três ou eu
tão só
assim
sina
solta
brava
rezo
mantro
ultrapasso
longe
breve
rastro
não é seu
nem meu
é céu
sobra
borra
esparsa
ser
cadente
paira
pueril
parábola de deus
que já não há
tão só
assim
sina
solta
brava
rezo
mantro
ultrapasso
longe
breve
rastro
não é seu
nem meu
é céu
sobra
borra
esparsa
ser
cadente
paira
pueril
parábola de deus
que já não há
quarta-feira, 26 de março de 2014
conscire
se perdeu na pútrida decomposição dos dias desfalecidos
no âmago-abismo o corpo confundido com o negrume rubro
rumores brutos de castigos merecidos e vícios arrependidos
estanca fundido liquefeito o sangue e ferro eviscerado
rijo refúgio resguardado por escarpas fartas de fatalidades
hoje o incontido fado-vórtice noutro passo em falso é morte
domingo, 15 de dezembro de 2013
findo
o mesmo oco
ensurdecido
ensandecido
vivo morto
fosco
sopro de vida
suspiro amargo
corpo torpe
lençol vermelho
dissimula
qualquer
breve
pulsar
que já
não
há
ensurdecido
ensandecido
vivo morto
fosco
sopro de vida
suspiro amargo
corpo torpe
lençol vermelho
dissimula
qualquer
breve
pulsar
que já
não
há
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
efêmero
Tão rara e não livre de espasmos, se manifesta sem discrição e sem licença, tira meu sono e me faz terminar o livro que eu já tinha recomeçado quatro vezes. Pedro Páramo secou meus sulcos de vaidade. Dançar, cantar, perder o medo de gente. Felicidade, é isso? quero canalizar em algo concreto e não desaguar no velho etéreo. As pilhas de livros e cadernos de anotações ainda estão espalhadas pelo quarto, ameaçadoras. Envelopes vazios de remédio para o estômago que absorve toda a ansiedade. Brinquedos desbotados. Fones de ouvido quebrados, celular sem bateria, o velho toca discos sem agulha, a abajur sem lâmpada, as roupas no cabide, estão sujas ou limpas?
já era,
passou...
já era,
passou...
terça-feira, 19 de novembro de 2013
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